quinta-feira, 19 de julho de 2018

Projeto SEMPREVIVOS II – Cardeal Dom Serafim Fernandes de Araújo







 
 






A Amulmig reuniu-se dia 10 de julho de 2018, dando continuidade ao Projeto SEMPREVIVOS, idealizado pelo presidente emérito Luiz Carlos Abritta para relembrar e dar a conhecer os nomes que engrandeceram e engrandecem a nossa casa, como é o caso do nosso homenageado da tarde, o Cardeal DOM SERAFIM FERNANDES DE ARAÚJO, PRESIDENTE DE HONRA DA AMULMIG.
Nos registros da primeira Ata de Fundação da Amulmig, após a aprovação da primeira Diretoria, "... O dr. Ragozino propõe ainda o nome do Bispo auxiliar de Belo Horizonte Dom Serafim Fernandes de Araújo para Presidente de Honra da Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais, o que foi aceito por unanimidade. Trata-se pois, de um dos nomes da alta cultura mineira, aprimorada com o seu belo espírito e a sua fé". ...
A saudação a tão ilustre membro da nossa casa foi feita pela acadêmica Elisabeth Fernandes Rennó de Castro Santos, presidente emérita e presidente do Conselho Superior da Amulmig e atual presidente da Academia Mineira de Letras.







Homenagem a Dom Serafim Fernandes de Araújo.



Elizabeth Rennó.



A Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais homenageando seus componentes ilustres atesta sua imortalidade. Refaz a memória na medida em que faz história.

Relembrando as atividades, as publicações acadêmicas, consegue fazê-los imortais, através de seus feitos.

  Dom Serafim Fernandes de Araújo, Presidente de Honra da AMULMIG, é um dos nossos Acadêmicos mais queridos e dignos desta homenagem que louva seu perfil, tão rico e pleno de sabedoria.

Aos treze dias do mês de agosto de mil novecentos e vinte e quatro, chegou ao mundo, Serafim, o menino primogênito de José Fernandes de Araújo, dentista prático e de Gabriela Leite de Araújo, jovem mãe de 19 anos, em Minas Novas, cidade do vale do Jequitinhonha.

  Esse menino marcou o início dos 16 filhos da prole do casal.

  A autobiografia Na palma da mão de Deus, escrita por Dom Serafim Fernandes de Araújo, já na posição honrosa de Cardeal de Belo Horizonte, cujo Barrete Cardinalício foi-lhe entregue em Roma pelo Papa São João Paulo II, a 22 de janeiro de 1998.

  Ao escrever suas memórias, O Cardeal voltou ao tempo e passou a rever a infância como se fosse um filme representando a sua vida.

  A sua vocação nasceu muito cedo, criado em ambiente religioso da pequena Itamarandiba, para onde a família se mudou.

  Do Seminário de Diamantina, seguiu para Roma, onde fez mestrado em Teologia  e Direito Canônico, na Pontifícia Universidade Gregoriana. Foi ordenado em1949 na Basílica de São João de Latrão.

  Antes de transferir-se para Belo Horizonte, como auxiliar de Dom João de Resende Costa, assumiu os cargos de Vigário Geral, Administrador e Diretor do Ensino Religioso da Arquidiocese e professor de Cultura Religiosa da Universidade, já então sagrado Bispo em 1959. Exerceu sua missão religiosa em Itamarandiba, Gouveia, Diamantina e Curvelo.

  Regressando a Belo Horizonte, em celebração na catedral da Boa Viagem, em 1959, Dom Serafim prometeu que seria como uma vela  que ilumina e se desgasta, chora de alegria e de tristeza a se consumir pelo cumprimento de sua missão.

  A partir de 1960, tomou posse como Reitor da Universidade Católica, hoje, Pontifícia Universidade Católica. Esta instituição foi criada  em 1958, pelo Presidente Juscelino Kubistchek, congregando várias escolas e faculdades existentes. Dom Serafim diz ,com orgulho:

Quando assumi a Reitoria eram apenas 635 alunos, hoje, a PUC é uma das mais conceituadas universidades do País.

 

    Participou de várias sessões do Concílio Vaticano II. Viajou a vários países, visitando universidades, participando de congressos de Educação. O Concílio Vaticano II foi considerado como verdadeiro doutorado pastoral para o novo Bispo, ocasião em que vivenciou a diversidade que envolve a experiência de ser Igreja. 

  Arcebispo Coadjutor em 1983, sucedendo a Dom João de Resende Costa, em 1986, assumiu o cargo de Arcebispo Metropolitano. Seu Pontificado foi até março de 2004, quando passou o governo da Arquidiocese para Dom Walmor Oliveira de Azevedo.

  Estas notas representativas de sua atuação pastoral não são reveladoras e nem presentificam as inúmeras contribuições que assumiu, quer como Pároco ou como membro de Conselhos de Educação, Sagrada Congregação para os Bispos, Comissão de Justiça e Paz, Pontifícia Comissão para a América Latina, IV Conferência  Geral do Episcopado da América Latina em Santo Domingo, Presidente da Associação Brasileira de Escolas Superiores Católicas, Vice- Presidente da CNBB, Grão Chanceler  da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Professor de Direito Canônico e de Ensino Religioso em vários Colégios mineiros.

  Tantos encargos cumpridos e exercidos de maneira magnífica, em que disseminou a evangelização e a palavra de Cristo, atestam a dedicação do Cardeal Serafim Fernandes de Araújo a seu rebanho.

  Dom Serafim teve o privilégio de conviver com 5 Pontífices: Pio XII, que foi homenageado por ele e outros seminaristas, em Roma, com o Ramalhete Espiritual; João XXIII, que convocou o Concílio Vaticano II, momento marcante em sua vida e o nomeou Bispo Auxiliar em Belo Horizonte; Paulo VI, continuador do Concílio Vaticano II, com quem teve convivência fraternal; Santo João Paulo II, desde 1979 em Puebla, cujos laços de empatia se consolidaram em Belo Horizonte, quando de sua visita  em 1980, cuja participação marcante considerada como seu doutorado pastoral; Bento XVI, pessoa clarividente de visão abrangente de questões e problemas que pareciam insolúveis.

  Agora recebe as luzes de Francisco, o Papa Misericordioso, que se torna referência mundial, líder amado e valorizado, empreendedor e reformador. Carismático, não pelo que ostenta, mas ao que diz e faz. Por sua linguagem profunda, toca os sentimentos do povo, na representação de um evangelho vivo.

  Dom Serafim sempre se refere à grande amizade com Dom João de Resende Costa, considerando-o um “dom de Deus”, com quem participou e viveu no Palácio Cristo Rei, durante 45 anos.

  A Torcida de Deus, ideia e realização de Dom Serafim, foi um dos mais belos espetáculos de fé, que durante 12 anos, congregou no Mineirão, milhares de pessoas neste jogo olímpico de fé e esperança.

  Como sinal de vitalidade da Igreja, a Missa da Unidade, celebração da Eucaristia, acontecida na Quinta-Feira Santa, é a continuidade desta iniciativa de nosso Arcebispo.

  Em 2003, na II Assembleia do Povo de Deus, evento que teve a participação da presença da comunidade católica, após muitas reflexões e pareceres, três horizontes foram divisados para a formação das características necessárias para o comportamento da congregação e às quais a Igreja deveria se dedicar:

  A espiritualidade, envolvendo o modo de viver em santidade, o reconhecimento da vida em comunidade, a exemplo da Trindade que é a totalidade do amor e a inserção social, no exercício de uma Igreja Samaritana.  

  Devotando-se a estes quesitos, Dom Serafim instituiu o Projeto Construir a Esperança, pastoral urbana, voltada para o acolhimento, projeto inspirador para outras cidades com grande repercussão internacional.

  Dom João de Resende Costa e Dom Serafim compraram a Radio City, para divulgar a programação e os trabalhos da Arquidiocese. Esta pequena difusora transformou-se na Rádio América, emissora presente em vários lares divulgando e apresentando programas educativos, sociais, evangelizadores e cerimônias litúrgicas. 



   A mais grata de suas realizações a seu coração é a Fundação José Fernandes de Araújo, criada em 1980 como homenagem a seu pai. O objetivo desta instituição é conceder bolsas de estudos a pessoas de baixa renda, possibilitando o acesso ao ensino superior.

Em seus 38 anos de trabalho, a FJFA já beneficiou cerca de três mil alunos que não poderiam manter os custos de sua formação universitária e que se tornaram profissionais formados em faculdades de qualidade reconhecidas no Brasil. Os jovens  beneficiados com estas bolsas de estudo comprometem-se, além de seu desenvolvimento profissional, a multiplicarem ações de generosidade, a exemplo do que receberam da Fundação. A princípio, a  manutenção  deste Projeto contou com a remuneração de Reitor e a venda de todos os bens de Dom Serafim para concretizar sua realização. Acrescentada com a cooperação de pessoas que se sensibilizam com a causa, beneficiando número incalculável de estudantes desde então.    

Na continuação deste trabalho precioso, o Professor Emerson de Almeida foi convidado a assumir a Presidência da FJFA, pois já  se dedicava ao Conselho Curador, há muitos anos.

A Fundação José Fernandes de Araújo aliou-se à Fundação Dom Cabral, escola de negócios fundada há 42 anos por Dom Serafim e que, graças à liderança do Professor Emerson  de Almeida   é considerada, há treze anos, uma das melhores do mundo, segundo o jornal britânico Financial Times.   

  Dom Serafim sempre se colocou na palma da mão de Deus, como ele mesmo nomeou a sua autobiografia.

  A par de sua capacidade administrativa, didática, empreendedora, o que mais eleva o seu caráter é o espírito humanitário e a grande capacidade, que, pela ternura do seu agir, conquista e faz amigos e admiradores em qualquer área em que atua.

  Depoimentos, declarações e observações sobre sua pessoa vêm de irmãos, paroquianos, auxiliares e tantos outros que o acompanham na trajetória que cumpre eficientemente.

  Palavras de sacerdotes, autoridades, amigos, teólogos, professores, em sua totalidade, enaltecem o caráter ético, empreendedor, humano, caridoso e cristão de Dom Serafim.

  Destacamos alguns tópicos que atestam este admirável construir humano que se intitula Dom Serafim Fernandes de Araújo.

  Eis um apanhado de conceitos concernentes à sua pessoa:



           A capacidade de entender e orientar é muito própria dele. Sua intuição e discernimento levam às melhores soluções, valorizando o que é bom para cada um.



           Dom Serafim é meu suporte e um presente de Deus.



           Para mim, uma qualidade muito bonita de Dom Serafim é que ele não invade a vida de ninguém. É uma pessoa muito especial.

Dom Serafim é uma bênção de Deus para nossa família. É um ponto de equilíbrio para todos nós.



Deus deu-me a graça de ser irmã de Dom Serafim. Ele está sempre presente em meu coração com suas palavras, atitudes, generosidade e amor incondicional.

Presente em todos os momentos difíceis. Sereno, conciliador, equilibrado, iluminado em todas as suas atitudes.

Neste momento em que celebramos datas tão grandiosas, seus 60 anos de sacerdócio e 50 anos de episcopado, fico a contemplar como Dom Serafim, na pujança de seus 84 anos, mantém viva em si a revelação da luz da sabedoria, e como essa beleza, reforçada pelo amor, confere a ele aspecto tão sublime.



Exemplo de seriedade, de dedicação. Uma pessoa por quem agradeço a Deus, por existir em nossas vidas, com quem podemos contar nos bons e nos maus momentos, que tem sempre uma palavra de força, de esperança para todos nós.



Falar sobre meu irmão Dom Serafim é falar de alguém muito especial, que traz consigo o dom maior de Deus, que é o amor, refletido em todos os momentos de sua vida, levando a todos não só palavras, mas, principalmente, atos e ações de um verdadeiro pastor.

Um dia ele me disse: Deus nos colocou na terra para sermos felizes e nós temos a obrigação de buscar a felicidade.



Como poeta maior, disse: O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis e pessoas incomparáveis.   

  Dom Serafim, louvado e amado, reconhecido pela sua inteireza e capacidade de ser é também uma pessoa incomparável, misto de compreensão e ternura.

Agindo com ternura, dizia humildemente ao contar a sua história: Acho que nunca houve um rapaz tão pobre indo para Roma, levando tão pouca coisa.

  A palavra sincera, plena, dom de vida e do acontecer sereno sempre foi proferida por este pastor de almas e de templos. A sua escrita era dever impositivo para os ouvintes da Palavra de Deus que repercutiu durante muitos anos pelas ondas do rádio e da televisão.

  A Palavra, o Verbo transmudado, orienta, ensina, admoesta.

  Como o Pai Misericordioso ou o Bom Pastor que acolhe a ovelha desgarrada, Dom Serafim sempre exerceu sua missão imbuído do espírito da Caridade e da Fé, proclamando a sua palavra de Sabedoria.

  Já dizia são Paulo, na Carta aos Coríntios, a Primeira delas:

  A manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil. Porque a um, pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria e a outro a fé ou o dom de curar. Se um recebe dons de profecia ou do discernimento dos espíritos, outros recebem o da verdade ou da interpretação.

  O Espírito reparte todos esses dons para que possamos trilhar a excelência dos caminhos, à procura do desempenho de nossa lida justaposta à palavra plena, que é dom de vida.

            Para Salomão, o valor da Sabedoria é um tesouro inexaurível e aquele que a sabe usar, como um dom que lhe é dado, estreita sua amizade com Deus, que é seu Guia e Orientador.

  Eis as palavras de Salomão:

   

  Ele, de fato me deu  o conhecimento exato dos seres,

  a estrutura do universo e a atividade dos elementos;

  o começo, o fim e o meado dos tempos;

  a alternância dos solstícios e as mudanças das estações,

  os ciclos dos anos e as posições dos astros,

  a natureza dos animais e os instintos das feras,

  as energias dos espíritos e os raciocínios dos homens,

  as variedades das plantas e as virtudes das raízes.

  Tudo que há de oculto e de manifesto, eu o conheci;

  pois instruiu-me a artesã de todas as coisas, a Sabedoria.



  Humilde e probo, simples no falar, severo e doce no ensinar, possuidor desse tom de sabedoria, vive Serafim, o menino que Deus escolheu, cujo dom de ternura lhe é afeito e o faz chegar ao coração humano.








        Prestaram depoimentos sobre Dom Serafim, a cerimonialista acadêmica Maria Inês Chaves de Andrade, o presidente emérito Luiz Carlos Abritta, a acadêmica Sidnéia Nunes Guimarães, o acadêmico Honorário, Cônsul de Portugal, aposentado, Otacílio Ferreira Cristo, o neoacadêmico Ozório Couto, a acadêmica Maria Armanda Capelão Ferreira, e finalizando a sessão tivemos o brilhante discurso do presidente Vanucci.