domingo, 20 de agosto de 2017

Amulmig no tempo: Alfredo Marques Vianna de Góes




Alfredo Marques Vianna de Góes nasceu em Montes Claros/MG, em 23.11.1908 e faleceu em Belo Horizonte/MG, em 14.10.1992. Quando criança, a família mudou-se para Curvelo/MG, onde terminou seus estudos de segundo grau, onde viveu sua juventude e onde também se casou.. Em 1935, mudou-se para Belo Horizonte, onde fez o curso de Direito. Ativista cultural, foi um dos fundadores da Academia Montesclarense de Letras, na sua terra natal, bem como da Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais-AMULMIG, em 08.04.1963.
Dessa foi seu presidente por quase 28 anos, quando passou a presidente vitalício e o vice-presidente Tasso Ramos de Carvalho passou a presidente executivo. Nesta casa destacou-se pela liderança e pela oratória. Fez parte também da Academia de Letras Municipais do Brasil e do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais. Recebeu diversas medalhas pelo mérito intelectual, entre elas a de Santos Dumont. Contista, cronista e poeta, foi intensa a sua colaboração na imprensa mineira. Publicou em 1987 o livro Vultos e Fatos do meu tempo – contos, crônicas e poemas, de onde foram compilados os sonetos abaixo. A Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais homenageia seu presidente fundador quando dos concursos internos sob a denominação Concurso Interno Alfredo Marques Vianna de Góes.




Sobre a personalidade de Alfredo Marques Vianna de Góes, 

eis  sonetos dos que fruíram de sua amizade:



Alfredo Marques Vianna de Góes


Antonio Teixeira de Queiroz – (da Amulmig)

Sonha, mas sofre por saber dizer
- Nato orador que o verto transfigura -
Da sua bela pátria o amanhecer
Da ideia de justiça e de ventura.

Dentro de si há sol para aquecer
O frio da descrença e da amargura
Mas conhece a esperança, pois viver
Tem sido seu destino. E essa candura

Com que, misticamente, aos semelhantes
Enfrenta, é tão pura e exuberante
Que faz vibrar as almas qual chicote.

Poeta idealista, sonhador,
Consigo arrasta a chama desse amor
Que tornara imortal o D. Quixote.

Alfredo Marques Vianna de Góes

Sebastião Noronha – (da Amulmig)

Não fez, não faz inimigos,
Exemplar conduta humana.
Sofre o bom, que aos bons se irmana,
O justo expõe-se a perigos.

Querem-lhe novos e antigos.
Esse Alfredo Marques Vianna
De Góes nem mesmo se ufana
De saber fazer amigos.

Persuasivo até no gesto.
Sempre efusivo e modesto.
Talvez de si descuidado...

Tão eloquente e benquisto,
Que eu creio que Jesus Cristo
Quisera tê-lo ao seu lado


Sonetos de Alfredo Marques Vianna de Góes




AD IMORTALITATEM

Alfredo Marques Vianna de Góes

Sinto a saudade vã de recôndita era...
De um mundo onde, talvez, eu já vivi outrora.
E sei, por intuição que a morte não supera
a vida, que transcende o espaço e o tempo em fora.

A vida é como o tempo: uma emoção de espera...
Se o sol se põe, depois da noite vem a aurora.
Se um ser morre, renasce, alhures, noutra esfera,
e assim, como expirou, exsurge e revigora.

Então, noutro avatar, em nova natureza
revive, ama e, no amor, realiza a humanidade.
e a vida continua além da flama acesa

do milagre vital, da entidade criada —
por ser eterno o ser, essência e atividade
do próprio Deus que anima a gênese do Nada.


E a vida continua
 
Alfredo Marques Vianna de Góes
 
Homem! Por que não tens o dom da juventude
como a árvore que vive em contínua alvorada
e do outono, retorna à antiga plenitude
do viço primitivo, em nova madrugada?
 
E assim, vencendo o tempo e a própria senetude,
é cada vez mais bela aos cimos da jornada!
Se todo ser anseia e busca a angelitude
e toda natureza é sempre transformada
 
No eterno vir-a-ser que tudo prenuncia,
- certo que o ser humano, à face e eternidade
do próprio criador, transmuda e regenera...
 
Se a morte é como a noite, ao fim de cada dia,
do nascer ao morrer, até a eternidade,
a vida é o amanhã – a Aurora que esse espera!


por Angela Togeiro, publicado no site pessol
https://sites.google.com/site/angelatogeiro/home