quarta-feira, 27 de junho de 2018

Projeto SEMPREVIVOS I – Antônio Teixeira de Queiroz - O homem e o Poeta


 

 

 



A Amulmig deu início nesta data de 12 de junho a implementação do Projeto SEMPREVIVOS, idealizado pelo acadêmico e presidente emérito Luiz Carlos Abritta. Como dito pela cerimonialista Angela Togeiro, na abertura da reunião solene, projeto “em que se procura evidenciar aqueles acadêmicos que contribuíram para construir a história de nossa casa e, sobretudo, fortalecê-la para chegar até nós, sucessores e construtores da palavra. Por isso, todos nós temos o dever e prazer de honrá-la e fazê-la crescer cada dia mais, acolhendo valores intelectuais dos nascidos ou estabelecidos no Estado de Minas Gerais para, seguindo o exemplo dos SEMPREVIVOS, deixá-la aos nossos sucessores”, lembrando ainda a data de fundação em 1963 e seu crescimento no tempo.
Nesta primeira data, homenageou-se o acadêmico Antônio Teixeira de Queiroz, acadêmico e patrono, como segue.


O Acadêmico

O Patrono


           Cadeira 037
           Acadêmico
ANTÔNIO TEIXEIRA DE QUEIROZ
                (1915-1981)
           Patrono
TEIXEIRA DE PASCOAES
(Joaquim Pereira Teixeira de Vasconcelos)
           Município
AMARANTE/PORTUGAL
          Ano da Posse 1967


         Cadeira 187
           Acadêmica
MARIA ARMANDA CAPELÃO FERREIRA
               Nasc. 17/04
           Patrono
ANTÔNIO TEIXEIRA DE QUEIROZ
           
 Município
Trancoso/PORTUGAL
          Ano da Posse 1990

No mês de junho, no dia 10, comemora-se o Dia de Portugal, Dia de Camões e das Comunidades Portuguesas, Dia da Língua Portuguesa, Dia do Santo Anjo da Guarda de Portugal. A celebração neste dia remete à morte de Camões de 10 de Junho de 1580. Assim neste 12 de junho, em seguida à Oração de São Francisco, patrono da Amulmig, em homenagem a Portugal, ao imortal Antônio Teixeira de Queiroz, à sua família, aos portugueses e descendentes no Brasil, ouviu-se o Hino Nacional Português, cuja letra foi distribuída entre os presentes.

A academia teve a grata satisfação de receber a filha e herdeira do talento literário de Antônio Teixeira de Queiroz, Sra. Yvelise de Araújo Queiroz e Crepaldi. A Sra. Yvelise foi apresentada em discurso escrito pela presidente emérita e presidente do Conselho Superior Elizabeth Rennó, aqui transcrito, e lido pela acadêmica Ismaília de Moura Nunes.


Homenagem ao Acadêmico Antônio Teixeira de Queiroz

Esta sessão Comemorativa comprova o espírito comunitário que rege a AMULMIG. Na lembrança de seus Acadêmicos falecidos, no congraçamento de seus membros atuantes, aqui se respira o clima benfazejo da união, da confraternização, do convívio ameno e fraterno que a caracteriza.
Não se encontram rivalidades e malquerenças em nosso meio, nem as questões de menor valor são vividas por nós. A amizade e a fraternidade são nosso traço de união.
Ao recebermos Yvelise Queiroz e Crepaldi nesta tarde, queremos demonstrar a satisfação em tê-la conosco.
A Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais  escreve  a sua  história conservando a memória de sua existência, de suas sessões literárias, de sua biblioteca, de seus aniversários e lembranças dos que já se foram e permanecem conosco.
Comemora-se o passado fazendo história e guardando suas rememorações mais significativas.
A nossa palestrante Yvelise Queiroz e Crepaldi é escritora já consagrada pelos inúmeros prêmios recebidos.
Nosso saudoso José Afrânio Moreira Duarte, seu amigo e incentivador, no Prefácio do livro de estreia de Yvelise  Real e Virtual, analisa a sua escrita:
...seus contos são muito bem urdidos e estruturados na imaginação da autora.Tudo é feito com apuro mas sempre com o sentimento sobrepujando a técnica.
Yvelise pertence à Academia Itajubens de Letras e ali é figura atuante.
Por ocasião do Cinquentenário dessa Academia, em 2014, em Sessão Solene, a Câmara Municipal de Itajubá prestou-lhe merecida homenagem. Fui convidada a saudá-la nesta noite festiva em que a entidade recebeu os encômios devidos ao valor cultural, que apresenta.
A esta Sessão Solene esteve presente a nossa Acadêmica Irmã Ernestina Rémusat Rennó, também pertencente à Academia Itajubense.  Aqui é lembrado, com grande carinho, o seu nome.
Yvelise relembra seu pai Acadêmico Antônio Teixeira de Queiroz, membro da diretoria da AMULMIG, em 1967, aqui deixando a marca de uma presença ilustre de intelectual e poeta.
A nossa Academia Municipalista une o presente e o passado em sua história.
Preserva a sua memória no relembrar seus antigos componentes e empreende em suas sessões o caminho para a modernidade.
A Acadêmica Maria Armanda Capelão fará esta Sessão da Saudade em memória de seu patrono Antônio Teixeira de Queiroz, interpretando os sentimentos de nossa entidade.

                                       Elizabeth Rennó.


Sra. Yvelise de Araújo Queiroz e Crepaldi nos fez um brilhante e tocante discurso, visando não apenas o acadêmico, mas o homem e o pai também. Apresentou alguns de seus poemas e magníficos sonetos, cedidos para apresentação nesta página. Antônio Teixeira de Queiroz é autor, entre outros, do poema “Cristo ensanguentado”, que foi editado e distribuído entre os presentes.




Viver©
     Antonio Teixeira de Queiroz

Ter fome de uma coisa desejada
E ter pena dum sonho que finou;
Sentir calor na chama já apagada
E ter amor a quem nunca nos amou

Olhar para o passado já distante
Que tristemente vimos extinguir;
Sofrer dores da vida a cada instante
Com a máscara perpétua de sorrir;

Amar uma mulher profundamente
Amá-la com esperança forte, quente,
Em silêncio sem nunca lho dizer;

Correr o mudo em busca da ilusão,
Tendo a saudade em nosso coração,
Assim é a vida e isto é que é viver.


Interrogação©
Antonio Teixeira de Queiroz

Quem foi que assassinou meus sonhos de criança?
Que tirou a ilusão à vida que vivi?
Quem roubou à minha alma a luz da confiança
Que era tudo o que tive e tudo o que perdi?

Quem foi que me deixou em trevas mergulhado
Entregue à minha dor num mundo tão sofrido?
Quem foi que fez de mim um triste revoltado
Lutando na impotência amarga de vencido?

Quem foi que me acordou do sono milenário
Para erguer no meu peito, mísero calvário
Mais uma nova cruz, a cruz dos redimidos?

Talvez fosse um amor, talvez uma saudade,
Um carinho, um desejo, a própria humanidade
Na multiplicação de todos os gemidos.



Eu sou©
          Antonio Teixeira de Queiroz

Eu sou, sei lá, talvez uma ilusão
Que o vento impele pela vida afora
Um sonho por findar, recordação
De algum distante amor que fui outrora.

Creio ter alma e sinto a ansiedade
De conhecer a vida e donde vim
E julgo ser um eco da saudade
Que paira, eternizada, dentro de mim.

Eu sou... sei lá, talvez uma quimera,
Inverno que procura a primavera
Na fantasia audaz dum sonhador.

Eu sou... eu sou... sei lá o quê, um nada
Abrasado na chama abençoada
De uma enorme esperança e um grande amor.



Na ocasião, em discurso alusivo ao homenageado e à terra lusa, usaram da palavra os acadêmicos, Luiz Carlos Abritta, Jair Barbosa da Costa, Marilene Guzella Martins Lemos e recital de Maria Armanda Capelão Ferreira com o seu belo poema “Pátria”, e do presidente Vanucci, que no uso da palavra teceu elogios à memorável tarde. À Yvelise foi entregue pelo presidente, cópia da Ata de posse de Antônio Teixeira de Queiroz, havida em 1967.



 


 





 


 


 

 


 

 





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