A Amulmig reuniu-se dia 10 de
julho de 2018, dando continuidade ao Projeto SEMPREVIVOS, idealizado pelo
presidente emérito Luiz Carlos Abritta para relembrar e dar a conhecer os nomes
que engrandeceram e engrandecem a nossa casa, como é o caso do nosso
homenageado da tarde, o Cardeal DOM SERAFIM FERNANDES DE ARAÚJO, PRESIDENTE DE
HONRA DA AMULMIG.
Nos registros da primeira Ata
de Fundação da Amulmig, após a aprovação da primeira Diretoria, "... O dr.
Ragozino propõe ainda o nome do Bispo auxiliar de Belo Horizonte Dom Serafim
Fernandes de Araújo para Presidente de Honra da Academia Municipalista de
Letras de Minas Gerais, o que foi aceito por unanimidade. Trata-se pois, de um
dos nomes da alta cultura mineira, aprimorada com o seu belo espírito e a sua
fé". ...
A saudação a tão ilustre membro
da nossa casa foi feita pela acadêmica Elisabeth Fernandes Rennó de Castro
Santos, presidente emérita e presidente do Conselho Superior da Amulmig e atual
presidente da Academia Mineira de Letras.
Homenagem a Dom
Serafim Fernandes de Araújo.
Elizabeth Rennó.
A
Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais homenageando seus componentes
ilustres atesta sua imortalidade. Refaz a memória na medida em que faz
história.
Relembrando
as atividades, as publicações acadêmicas, consegue fazê-los imortais, através
de seus feitos.
Dom Serafim Fernandes de Araújo, Presidente de
Honra da AMULMIG, é um dos nossos Acadêmicos mais queridos e dignos desta
homenagem que louva seu perfil, tão rico e pleno de sabedoria.
Aos
treze dias do mês de agosto de mil novecentos e vinte e quatro, chegou ao
mundo, Serafim, o menino primogênito de José Fernandes de Araújo, dentista prático
e de Gabriela Leite de Araújo, jovem mãe de 19 anos, em Minas Novas, cidade do
vale do Jequitinhonha.
Esse menino marcou o início dos 16 filhos da
prole do casal.
A autobiografia Na palma da mão de Deus, escrita por Dom Serafim Fernandes de
Araújo, já na posição honrosa de Cardeal de Belo Horizonte, cujo Barrete
Cardinalício foi-lhe entregue em Roma pelo Papa São João Paulo II, a 22 de
janeiro de 1998.
Ao escrever suas memórias, O Cardeal voltou ao tempo e passou a rever a infância
como se fosse um filme representando a sua vida.
A sua vocação nasceu muito cedo, criado em
ambiente religioso da pequena Itamarandiba, para onde a família se mudou.
Do Seminário de Diamantina, seguiu para Roma,
onde fez mestrado em Teologia e Direito
Canônico, na Pontifícia Universidade Gregoriana. Foi ordenado em1949 na
Basílica de São João de Latrão.
Antes de transferir-se para Belo Horizonte,
como auxiliar de Dom João de Resende Costa, assumiu os cargos de Vigário Geral,
Administrador e Diretor do Ensino Religioso da Arquidiocese e professor de
Cultura Religiosa da Universidade, já então sagrado Bispo em 1959. Exerceu sua
missão religiosa em Itamarandiba, Gouveia, Diamantina e Curvelo.
Regressando a Belo Horizonte, em celebração na
catedral da Boa Viagem, em 1959, Dom Serafim prometeu que seria como uma vela
que ilumina e se desgasta, chora de alegria e de tristeza a se consumir
pelo cumprimento de sua missão.
A partir de 1960, tomou posse como Reitor da
Universidade Católica, hoje, Pontifícia Universidade Católica. Esta instituição
foi criada em 1958, pelo Presidente
Juscelino Kubistchek, congregando várias escolas e faculdades existentes. Dom
Serafim diz ,com orgulho:
Quando assumi a Reitoria eram apenas 635
alunos, hoje, a PUC é uma das mais conceituadas universidades do País.
Participou de várias sessões do Concílio
Vaticano II. Viajou a vários países, visitando universidades, participando de
congressos de Educação. O Concílio Vaticano II foi considerado como verdadeiro
doutorado pastoral para o novo Bispo, ocasião em que vivenciou a diversidade que envolve a experiência de ser
Igreja.
Arcebispo Coadjutor em 1983, sucedendo a Dom
João de Resende Costa, em 1986, assumiu o cargo de Arcebispo Metropolitano. Seu
Pontificado foi até março de 2004, quando passou o governo da Arquidiocese para
Dom Walmor Oliveira de Azevedo.
Estas notas representativas de sua atuação
pastoral não são reveladoras e nem presentificam as inúmeras contribuições que
assumiu, quer como Pároco ou como membro de Conselhos de Educação, Sagrada
Congregação para os Bispos, Comissão de Justiça e Paz, Pontifícia Comissão para
a América Latina, IV Conferência Geral
do Episcopado da América Latina em Santo Domingo, Presidente da Associação
Brasileira de Escolas Superiores Católicas, Vice- Presidente da CNBB, Grão
Chanceler da Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais, Professor de Direito Canônico e de Ensino Religioso
em vários Colégios mineiros.
Tantos encargos cumpridos e exercidos de
maneira magnífica, em que disseminou a evangelização e a palavra de Cristo,
atestam a dedicação do Cardeal Serafim Fernandes de Araújo a seu rebanho.
Dom Serafim teve o privilégio de conviver com
5 Pontífices: Pio XII, que foi homenageado por ele e outros seminaristas, em
Roma, com o Ramalhete Espiritual; João XXIII, que convocou o Concílio Vaticano
II, momento marcante em sua vida e o nomeou Bispo Auxiliar em Belo Horizonte;
Paulo VI, continuador do Concílio Vaticano II, com quem teve convivência
fraternal; Santo João Paulo II, desde 1979 em Puebla, cujos laços de empatia se
consolidaram em Belo Horizonte, quando de sua visita em 1980, cuja participação marcante
considerada como seu doutorado pastoral; Bento XVI, pessoa clarividente de
visão abrangente de questões e problemas que pareciam insolúveis.
Agora recebe as luzes de Francisco, o Papa
Misericordioso, que se torna referência mundial, líder amado e valorizado,
empreendedor e reformador. Carismático, não pelo que ostenta, mas ao que diz e
faz. Por sua linguagem profunda, toca os sentimentos do povo, na representação
de um evangelho vivo.
Dom Serafim sempre se refere à grande amizade
com Dom João de Resende Costa, considerando-o um “dom de Deus”, com quem
participou e viveu no Palácio Cristo Rei, durante 45 anos.
A Torcida de Deus, ideia e realização de Dom
Serafim, foi um dos mais belos espetáculos de fé, que durante 12 anos,
congregou no Mineirão, milhares de pessoas neste jogo olímpico de fé e
esperança.
Como sinal de vitalidade da Igreja, a Missa da
Unidade, celebração da Eucaristia, acontecida na Quinta-Feira Santa, é a
continuidade desta iniciativa de nosso Arcebispo.
Em 2003, na II Assembleia do Povo de Deus,
evento que teve a participação da presença da comunidade católica, após muitas
reflexões e pareceres, três horizontes foram divisados para a formação das
características necessárias para o comportamento da congregação e às quais a
Igreja deveria se dedicar:
A espiritualidade, envolvendo o modo de viver
em santidade, o reconhecimento da vida em comunidade, a exemplo da Trindade que
é a totalidade do amor e a inserção social, no exercício de uma Igreja
Samaritana.
Devotando-se a estes quesitos, Dom Serafim
instituiu o Projeto Construir a Esperança, pastoral urbana, voltada para o
acolhimento, projeto inspirador para outras cidades com grande repercussão
internacional.
Dom João de Resende Costa e Dom Serafim
compraram a Radio City, para divulgar a programação e os trabalhos da Arquidiocese.
Esta pequena difusora transformou-se na Rádio América, emissora presente em
vários lares divulgando e apresentando programas educativos, sociais,
evangelizadores e cerimônias litúrgicas.
A mais
grata de suas realizações a seu coração é a Fundação José Fernandes de Araújo,
criada em 1980 como homenagem a seu pai. O objetivo desta instituição é
conceder bolsas de estudos a pessoas de baixa renda, possibilitando o acesso ao
ensino superior.
Em seus
38 anos de trabalho, a FJFA já beneficiou cerca de três mil alunos que não
poderiam manter os custos de sua formação universitária e que se tornaram
profissionais formados em faculdades de qualidade reconhecidas no Brasil. Os
jovens beneficiados com estas bolsas de
estudo comprometem-se, além de seu desenvolvimento profissional, a
multiplicarem ações de generosidade, a exemplo do que receberam da Fundação. A
princípio, a manutenção deste Projeto contou com a remuneração de Reitor
e a venda de todos os bens de Dom Serafim para concretizar sua realização.
Acrescentada com a cooperação de pessoas que se sensibilizam com a causa, beneficiando
número incalculável de estudantes desde então.
Na
continuação deste trabalho precioso, o Professor Emerson de Almeida foi
convidado a assumir a Presidência da FJFA, pois já se dedicava ao Conselho Curador, há muitos
anos.
A
Fundação José Fernandes de Araújo aliou-se à Fundação Dom Cabral, escola de
negócios fundada há 42 anos por Dom Serafim e que, graças à liderança do
Professor Emerson de Almeida é considerada, há treze anos, uma das
melhores do mundo, segundo o jornal britânico Financial Times.
Dom Serafim sempre se colocou na palma da mão de Deus, como ele mesmo
nomeou a sua autobiografia.
A par de sua capacidade administrativa,
didática, empreendedora, o que mais eleva o seu caráter é o espírito
humanitário e a grande capacidade, que, pela ternura do seu agir, conquista e
faz amigos e admiradores em qualquer área em que atua.
Depoimentos, declarações e observações sobre
sua pessoa vêm de irmãos, paroquianos, auxiliares e tantos outros que o
acompanham na trajetória que cumpre eficientemente.
Palavras de sacerdotes, autoridades, amigos,
teólogos, professores, em sua totalidade, enaltecem o caráter ético,
empreendedor, humano, caridoso e cristão de Dom Serafim.
Destacamos alguns tópicos que atestam este
admirável construir humano que se intitula Dom Serafim Fernandes de Araújo.
Eis um apanhado de conceitos concernentes à
sua pessoa:
A capacidade de entender e orientar é muito
própria dele. Sua intuição e discernimento levam às melhores soluções,
valorizando o que é bom para cada um.
Dom Serafim é meu suporte e um presente
de Deus.
Para mim, uma qualidade muito bonita de
Dom Serafim é que ele não invade a vida de ninguém. É uma pessoa muito especial.
Dom Serafim é uma bênção de Deus para nossa família. É um
ponto de equilíbrio para todos nós.
Deus deu-me a graça de ser irmã de Dom
Serafim. Ele está sempre presente em meu coração com suas palavras, atitudes,
generosidade e amor incondicional.
Presente em todos os momentos difíceis. Sereno,
conciliador, equilibrado, iluminado em todas as suas atitudes.
Neste momento em que celebramos datas tão grandiosas,
seus 60 anos de sacerdócio e 50 anos de episcopado, fico a contemplar como Dom
Serafim, na pujança de seus 84 anos, mantém viva em si a revelação da luz da
sabedoria, e como essa beleza, reforçada pelo amor, confere a ele aspecto tão
sublime.
Exemplo de seriedade, de dedicação. Uma
pessoa por quem agradeço a Deus, por existir em nossas vidas, com quem podemos
contar nos bons e nos maus momentos, que tem sempre uma palavra de força, de
esperança para todos nós.
Falar sobre meu irmão Dom Serafim é falar de
alguém muito especial, que traz consigo o dom maior de Deus, que é o amor,
refletido em todos os momentos de sua vida, levando a todos não só palavras,
mas, principalmente, atos e ações de um verdadeiro pastor.
Um dia ele me disse: Deus nos colocou na terra para
sermos felizes e nós temos a obrigação de buscar a felicidade.
Como
poeta maior, disse: O valor das coisas
não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por
isso, existem momentos inesquecíveis e pessoas incomparáveis.
Dom Serafim, louvado
e amado, reconhecido pela sua inteireza e capacidade de ser é também uma pessoa
incomparável, misto de compreensão e ternura.
Agindo
com ternura, dizia humildemente ao contar a sua história: Acho que nunca houve um rapaz tão pobre indo para Roma, levando tão
pouca coisa.
A palavra sincera, plena, dom de vida e do
acontecer sereno sempre foi proferida por este pastor de almas e de templos. A
sua escrita era dever impositivo para os ouvintes da Palavra de Deus que
repercutiu durante muitos anos pelas ondas do rádio e da televisão.
A Palavra, o Verbo transmudado, orienta,
ensina, admoesta.
Como o Pai Misericordioso ou o Bom Pastor que
acolhe a ovelha desgarrada, Dom Serafim sempre exerceu sua missão imbuído do
espírito da Caridade e da Fé, proclamando a sua palavra de Sabedoria.
Já dizia são Paulo, na Carta aos Coríntios, a
Primeira delas:
A
manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil. Porque a um,
pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria e a outro a fé ou o dom de curar.
Se um recebe dons de profecia ou do discernimento dos espíritos, outros recebem
o da verdade ou da interpretação.
O Espírito reparte todos esses dons para que possamos
trilhar a excelência dos caminhos, à procura do desempenho de nossa lida
justaposta à palavra plena, que é dom de vida.
Para
Salomão, o valor da Sabedoria é um tesouro inexaurível e aquele que a sabe
usar, como um dom que lhe é dado, estreita sua amizade com Deus, que é seu Guia
e Orientador.
Eis as palavras de Salomão:
a estrutura do universo e a atividade dos
elementos;
o começo, o fim e
o meado dos tempos;
a alternância dos
solstícios e as mudanças das estações,
os ciclos dos anos
e as posições dos astros,
a natureza dos
animais e os instintos das feras,
as energias dos
espíritos e os raciocínios dos homens,
as variedades das
plantas e as virtudes das raízes.
Tudo que
há de oculto e de manifesto, eu o conheci;
pois instruiu-me a
artesã de todas as coisas, a Sabedoria.
Humilde e probo, simples no falar, severo e
doce no ensinar, possuidor desse tom de sabedoria, vive Serafim, o menino que
Deus escolheu, cujo dom de ternura lhe é afeito e o faz chegar ao coração
humano.
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Prestaram depoimentos sobre Dom Serafim, a cerimonialista acadêmica Maria Inês Chaves de
Andrade, o presidente emérito Luiz Carlos Abritta, a acadêmica Sidnéia Nunes Guimarães,
o acadêmico Honorário, Cônsul de Portugal, aposentado, Otacílio Ferreira
Cristo, o neoacadêmico Ozório Couto, a acadêmica Maria Armanda Capelão
Ferreira, e finalizando a sessão tivemos o brilhante discurso do presidente
Vanucci.
Solicitamos obséquio de informarem o endereço eletrônico para contato.
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