A Academia Municipalista
de Minas Gerais – Amulmig – BH recebeu no dia 4 de outubro como acadêmica a
escritora Raquel Rocha Vilela.
Foi introduzida na pelas
confreiras Angela Togeiro, Maria Inês Marreco e João Quintino Silva. Foi
recebida e saudada pela acadêmica Maria Armanda Capelão Ferreira. Os discursos
de ambas encontram-se transcritos a se seguir. Para registro, aqui também estão
algumas fotos do evento, cedidas pelo fotógrafo João Batista.
Discurso de saudação da Acadêmica Maria Armanda Capelão
Parábola
do Semeador (Mc 4,3-8). Eis que o semeador saiu para semear. Ora, enquanto
semeava, parte caiu a beira do caminho; vieram os pássaros e comeram tudo.
Parte caiu também num lugar pedregoso, onde não havia muita terra; logo
germinou porque não havia terra profunda; quando o sol se levantou, foi
queimada e, por lhe faltarem raízes, secou. Parte também caiu entre os
espinhos; os espinhos cresceram e a sufocaram, e ela não deu fruto. Outros
grãos caíram em terra boa e, crescendo e desenvolvendo-se, produziram fruto, e
renderam trinta por um, sessenta por um, cem... Raquel é essa
terra onde as sementes se desenvolvem produzindo frutos cem por um...
Frutos
de Sabedoria no planejamento, construção e funcionamento do Instituto Superior
de Medicina (ISMD) em 2006, onde Raquel além de dona proprietária é professora
encantando não só com sua competência como também com a sabedoria na condução e
orientação pedagógica e como diretora da unidade de São Paulo. O ISMD é um
núcleo de Pós- graduação da Faculdade de Ciências Medicas de Minas Gerais.
Raquel é professora da Pós- graduação desta faculdade. O ISMD é um Instituto
que atende gratuitamente pacientes (demanda reprimida do sistema único de
saúde), nas áreas de Dermatologia, Psiquiatria e endocrinologia. Hoje conta com
duas unidades, uma em Belo Horizonte e outra em São
Paulo capital.
Frutos
de Bondade no acolher tantas e tantas crianças sedentas de abraços, caricias e
principalmente da ternura de um colinho como acontece no Hospital da Baleia, na
oncologia pediátrica e na radioterapia. Graduada em Medicina pela
Universidade Vale do rio verde de Três Corações, e com
um coração repleto de amor, Raquel cuida do corpo e da alma de
pequeninos grandes e grandes pequeninos que sempre a cercam com sede de
ternura e alivio.
Frutos
de Caridade na Universidade Federal de Minas Gerais onde é Professora e
Orientadora de teses na área de doenças infecciosas na UFMG, como pesquisadora,
desenvolve projetos em associação com a Universidade do Estado de
Michigan, e com o instituto Lauro de Souza Lima, na cidade de Bauru, São
Paulo.
Raquel
tem Doutorado e Mestrado em Ciências Físicas e Biológicas pela Universidade
Federal de Minas Gerais onde também se graduou em Farmácia
e Bioquímica.
Frutos
de paciente disponibilidade na Universidade do Estado de Michigan, dos
Estados Unidos onde, sem esse Divino fruto, não teria
condições de desenvolver, com tanta eficiência, a função de professora e
pesquisadora, nas áreas de Biologia Molecular.
Raquel
é pós-doutora em Ciências Biológicas e Ciências da Saúde pela Universidade do
Estado de Michigan e um dos seus focos de pesquisa são as microbactérias
resistentes a novos antibióticos.
Paciente
disponibilidade é realmente o Fruto Mestre tão necessário nessa e noutras áreas
de pesquisa a que Raquel se dedica como micologia medica, microbiologia clinica
ocular e hanseníase, e mais recentemente criou uma linha de pesquisa, junto com
a Universidade do Estado de São Paulo (USP), em próteses faciais 3D, para
pacientes com lesões faciais.
E esse
terreno profissional maravilhosamente abençoado chamado Raquel Vilela continua
produzindo frutos que palavras não dizem, palavras não contam, sentem-se...
Vivem-se...
Na
literatura caminha a passos largos como Escritora para crianças e adultos em
prosa e poesia. Seus livros carregam além da magia na leitura a magica da
caridade pois toda a arrecadação, com sua venda, é destinada a obras de
caridade. Geralmente em hospitais... Foi assim com o "SORRISO DO
JOÃO" com " A LUA TEM MESMO QUATRO FACES", "
PERENE" com "A LEVEZA QUE A VIDA TEM E O AVC"
assim aconteceu com o valor arrecadado com a venda de " UM SONHO
CARECA" da mesma forma aconteceu com " A HISTORIA DE
LUCAS" este escrito pela incrível dupla Raquel Vilela e Rosanne Von
Spperling e ilustrado com maestria pela Iara Rachid e do qual posso dizer:
LUCAS... Olhinhos vivos, atentos. Alma de gigante repleta de indagações
confiantes, de certezas..."sabia que você vinha". de desafios
"viu como sei nadar?" de necessidades, de limitações, de sonhos, de
fantasias e percepções encantando as autoras que de uma forma muito especial e
concreta construíram magistralmente, qual arquitetas de vida, em palavras uma
"tarde vida" vivida ao lado de LUCAS numa piscina, num terno
acariciar de mergulhos, braçadas e sonhos...É maravilhoso saber ler e escrever
VIDA da forma como a que pulsa nas páginas do livro e que antes gritou
silenciosamente no coração e na alma das autoras, florescendo como que, num
delicioso acalanto de amor.
“A
HISTÓRIA DE LUCAS”.
E esse
terreno abençoado continua produzindo frutos com o seu “O MUNDO DOS PERDIDOS E
ACHADOS” e mais recente lançamento.
Mas os
mais belos frutos dos abençoados terrenos Raquel e Rubens, Raquel Virgínia
Rocha Vilela e Rubens Costa Vilela são suas filhas. Sem dúvida são suas filhas:
Luiza, Priscila, Gabriela e Camila Rocha Vilela.
São sem
dúvida repito, os mais belos e preciosos frutos com o que esse abençoado
terreno nos presenteou.
Raquel
Virgínia Rocha Vilela. Casa de São Francisco agora, também é sua. Entre, entre.
Seja bem vinda!”
Discurso de Posse da A acadêmica Raquel Vilela
“Cumprimento
os componentes à mesa, nosso Ilustríssimo presidente da Academia Municipalista
de Letras de Minas Gerais, César Pereira Vanucci e a Ilustríssima Acadêmica
Maria Armanda Capelão que fará a saudação. A mestre de cerimônia Maria Inês
Chaves. Agradeço a presença das Presidentes eméritas da AFEMIL e da Academia
Mineira de Letras Elizabeth Rennó. Demais autoridades aqui presentes. Agradeço
a presença dos amigos da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas
Gerais., e aos amigos da FAJE, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia.
Agradeço a presença de meu marido Rubens Vilela, minhas filhas, Luiza,
Priscila, Gabriella, Camila e meus Genros Daniel, Bruno, Felipe e Leonardo.
Espero
não ter sido injusta deixando de partilhar a alegria deste encontro sendo traída
por algum esquecimento. Estou feliz com a presença de todos que vieram
participar comigo da alegria e emoção desta memorável data de minha posse. É
uma honra.
Hoje
está fazendo uma belíssima manhã de primavera, e com ela a proclamação da
chegada das flores, estação fecunda que vem trazendo a promessa de dias alegres
e iluminados pelas belíssimas cores, que explodem primeiro um botão e depois
pura poesia.
Esta
pequena descrição da primavera faz-me recordar a mitologia Grega que lança mão
do mito para explicar, a diferença entre as estações do ano. A lenda de
“Deméter” (deusa da fertilidade do solo) e sua filha “Perséfone” cujo pai era
Zeus, “deus dos deuses”.
Perséfone
era considerada uma das mulheres mais lindas. A cada dia que passava a sua
beleza era mais irradiante e exalava perfume no ar, e este produzia um
encantamento divino em todos o que tinham o prazer de ficar em sua presença.
Conta-se
que Hades (deus do mundo subterrâneo, “inferno”), buscando encontrar uma
esposa, deslumbrou-se ao ver Perséfone, e sua paixão foi tão arrasadora que ele
resolveu rapta-la.
Foi
então que, Deméter, mãe de Perséfone, saiu a procura de sua filha tanto no
Olimpo, quanto na Terra. Por não achar sua filha, Deméter ficou irada e muito
triste, e tais sentimentos teriam causado uma seca prolongada na terra, já que
ela era a deusa da fertilidade do solo, ás vezes ela chorava copiosamente e
como resultado, proporcionava longas enchentes.
Para
acalmá-la, Zeus resolveu intervir e fez um trato com seu irmão Hades: Perséfone
teria que passar seis meses do ano ao lado de Hades no mundo subterrâneo, e os
outros seis ela estaria “liberada” para passar ao lado da mãe.
Sendo
assim, o período em que Perséfone estaria ao lado de Hades, sua mãe ficaria
muito triste, e como resultado de sua melancolia, as folhas das árvores cairiam
e a natureza reagiria com a chegada do outono, com o passar do tempo a saudade
da mãe aumentaria, e o vento então sopraria mais forte, e a neve e o frio
tomaria conta de tudo era a chegada do inverno.
Porém,
os seis meses vindouros quando Hades trazia de volta a bela Perséfone, o mundo
se encheria de cores, e tudo se tornaria fecundo, as flores desabrochariam para
enfeitar a terra onde Perséfone, iria passar, surgindo assim a primavera, e
seguir-se-ia o verão, estação que aqueceria todos os corações da terra, e sua
mãe Deméter, sorria feliz novamente.
Desde
os princípios do tempo datado dos séculos V antes de Cristo, o Homem almeja
explicações para fenômenos observados na natureza, procurando conjugá-los ao
comportamento humano. Fico imaginando que muitos de vocês devem estar
pensando, porque ela está falando de mitologia grega...? Para fazer um breve
preâmbulo, que configura a essência humana de criamos histórias ou estórias que
se mesclam com a nossa identidade e ditamos um pouco de quem somos nós.
Fui uma
criança livre, feliz tive uma infância modesta, mas rica em alegria e amor, o
tempo parecia ser sempre pouco para mim, pois as ideias fantasiosas que criava
em meu pequeno mundo, pareciam não caber nele. O cenário deste mundo era o
terreiro de minha casa... muita tinta, muitas escadas... e areia. Tudo que uma
criança precisa para criar e brincar durante todo dia.
Nasci
cercada de montanhas da famosa Serra Del´Rei, ou melhor Serra do Curral, no
familiar Bairro Floresta. A minha casa foi a primeira da rua ainda de chão
batido, e bem a frente desta rua era um enorme matagal, excelente para uma
cabeça criativa, ver todos os fantasmas. Do outro lado da rua, era um
despenhadeiro, e lá baixo, se construiria mais tarde, os dois Túneis de Belo
Horizonte (Túnel da Lagoinha, e Tancredo Neves), onde antes existia um campo de
futebol, que se chamava Campo do Galena, lugar onde eu acostumava descer para
brincar. Na primavera, tempos de Perséfone, o campo se enchia de uma florzinha,
uma margaridinha de cor laranja intensa, era o anúncio da primavera.
Eu
também vivi para ver e brincar em meio à natureza porque sou da época das
Tanajuras... e a meninada ficava louca. É... sou natural das Minas Gerais e
nasci na cidade de Belo Horizonte, casula de 10 irmãos, fui a única que nasci
em um hospital, na época maternidade São Lucas. Belo Horizonte...
Morar
entre montanhas... acho que aguça nosso sensu comum poético. Primeiro que a
montanha sempre nos convida a subir, e lá de cima mirar o mundo sob outra
perspectiva. Além disso, a caminhada até o topo é sempre um apelo reflexivo,
que nos transporta com o sentimento de que não é apenas chegar no topo e ver
com outros olhos, mas descobrir o que esta caminhada te ensinou até você chegar
aí. Pensar em Belo Horizonte é sempre uma bela cena que se abre.
Hoje
quando olhamos para trás vislumbramos o que antes era apenas um arraial, com o
passar dos anos, observou-se um crescimento do então vilarejo, que começa
mostrar os primeiros contornos de uma pequena cidade. A princípio este é um
processo muito óbvio na instituição de qualquer cidade. Porém, de forma
despercebida esquecemo-nos dos anseios que foram almejados quando tudo começou,
quantas aspirações foram aí depositadas, quantos medos e adversidades foram
enfrentados para que esse progresso fosse alcançado.
Toda
cidade divide um pouco desta verdade, são construídas de sonhos. Cria-se
primeiro o cenário, depois os atores entram em cena e assim começa o processo
histórico, que perpetua através do tempo, envolvidos pelas conjecturas do
momento histórico. O tempo vai modelando os acontecimentos e de repente existe
ali, exatamente neste lugar, neste arraial, nesta cidade várias biografias para
contar, como Maria Clara Machado escritora e dramaturga brasileira famosa por
suas peças infantis, Fernando Tavares Sabino escritor e jornalista, Hélio
Pelegrino médico e poeta, Elizabeth Rennó primeira mulher a ocupar a
presidência da Academia Mineira de Letras e seu legado bibliográfico
enriquecedor, Maria Armanda Capelão escritora de mais de 30 livros infantis e
detentora de vida rica e gloriosa e muitos outros grandes personagens que
contribuem com o processo histórico de nossa cidade, mesmo que não sejam
naturais desta, mas que a tenha escolhido para instituir parte da construção de
sua vida. Afinal, Lar é o local que escolhemos para depositar parte de nossas
esperanças, vivências e experiências humanas.
A
história desta cidade se mescla com a coragem de desbravadores
bandeirantes. João Leite da Silva Ortiz, foi um bandeirante que chegou
até a Serra de Congonhas na corrida para encontrar minas de ouro. Encantado pela
beleza destas serras João Ortiz, apesar de não ter encontrado o tão sonhado
ouro, estabeleceu-se neste lugar que passou a se chamar Arraial do Curral del
Rei.
A
cidade de Belo Horizonte foi escolhida em 1893, no início do século XIX, para
ser a capital do Estado de Minas Gerais, após averiguação de que a capital,
Ouro Preto, não oferecia estrutura para expansão urbana devido seu relevo
acidentado. Por essas razões, Belo Horizonte foi escolhida pela localização
privilegiada, zona da Mata, e também pelo relevo e clima favoráveis, sendo
assim a cidade foi totalmente planejada no modelo de vanguarda urbano da época
A
década de 40 do século XX foi marcada pelo avanço da industrialização. Nessa
época foi inaugurado o Complexo Arquitetônico da Pampulha (composto pela Igreja
de São Francisco de Assis, o Iate Tênis Clube, a Casa do Baile e o Cassino,
hoje Museu de Arte da Pampulha, circundando a Lagoa da Pampulha), encomendado
pelo prefeito em exercício Juscelino Kubitschek, com projeto assinado por Oscar
Niemeyer, paisagismos de Roberto Burle Marx, com painéis de Candido Portinari,
e as esculturas de Alfredo Cesshiatti e José Pedrosa.
Nos
anos 60 e 70 a capital passou por um processo acelerado de crescimento urbano
que avançou sobre suas ruas, quando foram demolidas casas e áreas verdes e
ergueram-se altos prédios, em um processo de descaracterização da
"Cidade-Jardim".
A
partir dos anos 80, a desaceleração econômica prevaleceu e os movimentos
sociais urbanos organizavam-se para reivindicar direitos urbanos básicos, como
transporte público, atendimento médico e acesso à educação. A partir do início
da década de 90, Belo Horizonte é marcada por programas e projetos de melhorias
urbanas e sociais, com a efetiva participação popular, fazendo Belo Horizonte
chegar ao século XXI com quase 2,5 milhões de habitantes distribuídos em seus
331 km².
Eu sou
da época de tradições e também dos anos Dourados de Belo Horizonte. Como é
citado no livro da autora Marilene Guzella Lemos, intitulado “ Belo Horizonte,
Nos anos Dourados”, eu também me recordo do famoso café Pérola, das lojas
Grande Camiseiro, Do Bico das Canetas, Lojas Brasileiras, Mesbla, Embrava,
Inglesa Levi, Casa Sloper, Perfumaria Lourdes, dentre outras. Como a própria
Marilene diz: “Os Anos Dourados foram Tempos de paz”, mas o seu lugar na
história não é marcado por páginas em branco. Sobre eles existem muita coisa
para contar”.
Belo
Horizonte é uma cidade sonho, assim como a maioria das cidades, e como diz
Machado de Assis no ano de 1900: “ Um dos ofícios do homem é fechar e
apertar muito os olhos a ver se continua pela noite velha o sonho truncado da
noite moça...” Portanto, continuemos a sonhar a nossa Belo Horizonte.
Escolhi
como Patrono da cadeira de número 334 um Mineiro natural da Bela cidade de Boa
Esperança, sempre me identifiquei com sua escrita, talvez porque nós dois
nascemos em cidades abraçadas por belíssimas Serras, eu a Serra do Curral Del
Rei, e ele da Serra da Boa esperança. Falar de Rubem Alves para mim não é uma
tarefa árdua, no tocante a sua complexa personalidade, eu jamais conseguiria
alcançar todas elas realizando análises profundas, mas quando penso em Rubem
Alves, sempre faço um paralelo com uma criatura alada, de mente desprendida de
convenções, um lutador de si mesmo. Como diz Kierkegaard (...) Mas o voo nos
faz lembrar os seres emancipados das condições Telúricas, um privilégio
reservado para as criaturas aladas...”
Rubem
Alves é natural de Boa Esperança Minas Geral, escritor pedagogo, poeta e
filósofo de temas variados, cronista do cotidiano, contador de estórias,
ensaísta, teólogo, acadêmico, autor de livros e psicanalista. Ele é considerado
um dos intelectuais mais famosos e respeitados do Brasil. Autor de vastíssima
obra, já publicou textos sobre educação, meditações teológicas, crônicas e
estórias infantis. Foi membro da academia Campinense de Letras, professor
emérito da Unicamp e cidadão honorário de Campinas.
Menino
criado nas Minas Gerais, cercado pelas serras da bela cidade de Boa Esperança,
sempre demonstrou desde cedo seu fascínio pela leitura. Ele foi uma criança
tímida e seus pais se mudaram para a cidade do Rio de Janeiro, quando ele era
ainda criança. Filhos de pais evangélicos, ele seguiu a tradição familiar
estudando teologia e se tornou Pastor evangélico da igreja Presbiteriana do
Brasil. A influência religiosa em sua vida sempre foi muito forte, e por muitas
vezes sentiu-se tolhido pela doutrina adotada pela igreja a qual pertencia. Sua
vibrante capacidade de pensar e de fazer questionamentos profundos aos dogmas
adotados pela sua crença religiosa despertou crescentes conflitos por parte da
cúpula que regia sua igreja. Sempre foi muito criticado por seus pares, pois
demonstrava em seus sermões, seu inconformismo mediante as várias questões
religiosas. Especialmente, no tocante da visão de Deus, pois a visão
interpretativa que era apreciada pela formação presbiteriana, era de um Deus
com postura punitiva, e que exigia dos fieis algumas barganhas para a
instituição da Graça divina. Como a direção da igreja começou a sentir-se
ameaçada por suas ideias, resolveu após algumas advertências, incluindo
proibição de alguns sermões, exonera-lo da igreja presbiteriana, como punição a
um sermão, no qual, ele revelava a importância de nunca abandonarmos o nosso
lado criança.
Rubem
Alves tem um papel crucial na Teologia da Libertação, e nesta época começou a
reunir, com Frei Beto, e Leonardo Boff. A sua veia literária infantil estava
apenas começando...
Ele
casou-se, ainda jovem, como pastor e teve três filhos dois homens, e uma
temporona. A esta filha que deu-lhe o nome de Raquel.
Raquel
teve uma importância fundamental na longa fase da literatura infantil de Rubem
Alves. Nascida com uma deformidade de fissura labial, com alterações
morfológicas importantes que comprometiam face, foi submetida a muitas
cirurgias reparatórias. Este fato, o transportou para uma fase de profundos
questionamentos, sobre o sofrimento humano. Sendo assim, muitas vezes em seus
livros ele deixa expressar um sentimento de culpabilidade pela deformidade de
sua filha. Era como se ele tivesse agora acreditando em um Deus punitivo, a
mesma visão de Deus que ele tantas vezes questionará por não aceitar, agora o
atormentava. A forma que ele encontrou para trabalhar com este conflito, foi
começar a escrever histórias infantis que pudessem ajudar a sua filha a
enfrentar seus desafios. Desafios estes que eram pautados tanto pelo tratamento
da alteração anatômica em si, como aqueles de lidar com as distorções da
sociedade, e ao lidar com o que era diferente, levando em consideração aos
inúmeros constrangimentos que ele enfrentou com ela em locais públicos.
Rubem
Alves tinha um caso de amor com a vida, esta é a frase que ele escolheu para
que escrevesse em sua lápide. No livro “Arquivos Literários” da nossa querida
Elizabeth Rennó, em um de seus prefácios dedicado a José Afrânio Moreira
Duarte, ela começa sua apresentação com a seguinte frase. “A bússola que sempre
norteou os caminhos de José Afrânio Moreira Duarte, chama-se solidariedade.”
Ousando-me a parafrasear a referida autora eu assim escreveria.
A
Bussola que sempre norteou os caminhos de Rubem Alves, chama-se inquietação
amorosa...” pois em todos os seus textos é possível identificar, seu amor pelo
belo, sua intimidade com Deus, seu espírito livre e apaixonado pela educação,
seu encantamento pelo novo, por tudo aquilo que leva o homem a ter uma
atitude reflexiva e transformadora na formação de um ser moral .
O Que
Rubem Alves tinha era um modo de ver as coisas diferentes. O modo como os
poetas vêm e são convidados a descreverem com palavras, a bela imagem que lhes
ressaltou aos olhos. Este modo diferente de ver as coisas simples do cotidiano
e ofuscá-las com detalhes sensíveis, e a facilidade com que abordava temas
difíceis que permeiam a vida de todo ser humano com simplicidade e
autenticidade, é que fez de Rubem quem ele foi e sempre será para seus
leitores.
Para
exemplificar e deixar o aroma no ar deste grande escritor lerei parte de seu
livro. “Anotações essenciais” de Rubem Alves.
(...)Temos uma capacidade quase infinita de suportar a dor, desde que
haja esperança. Diz-se que a esperança é a última que morre. Mas o certo seria
dizer: a penúltima. Há uma morte que acontece antes da morte. Quando se conclui
que não há mais razões para viver. Quando morrem as razões para viver, entram
em cena as razões para morrer...(...)
(...) Amor é bibelô de louça. Ciúme é a consciência de que o objeto
amado não é posse: bibelôs quebram fácil. Por isso, o amor dói, está cheio de
incertezas. Discreto tocar de dedos, suave encontro de olhares: coisa
deliciosa, sem dúvida. E é por isso mesmo, por ser tão discreto, por ser tão
suave, que o amor se recusa a segurar. Amar é ter um pássaro pousado no
dedo...(...)
Poesia
A poesia não é uma expressão do ser do poeta.
A poesia é uma expressão do não ser do poeta.
O que escrevo não é o que tenho; é o que me falta.
Escrevo para me completar.
Minha escritura é o pedaço arrancado de mim.
Escrevo porque tenho sede e não sou água.
Sou pote.
A poesia é água.
O pote é um pedaço de não ser, cercado de argila por todos os lados,
menos um.
O pote é útil, porque ele é um vazio, que se pode carregar.
Nesse vazio, que não mata a sede de ninguém, pode-se colher, na fonte,
a água que mata a sede.
Poeta é pote. Poesia é água. Pote não se parece com água. Poeta não se
parece com poesia.
O pote contém a água. No corpo do poeta estão as nascentes da poesia...
Hoje eu tenho a honra de ocupar a cadeira de número 334 da Academia
Municipalista de Letras de Minas Gerais AMULMIG, peço as bênçãos de São
Francisco de Assis para colaborar com esta casa, fazendo o uso da simplicidade
de gestos, clareza de pensamento, ancorar-me na fé, e acreditar que através da
literatura poderei contribuir para meu crescimento próprio, e também para a
construção de uma sociedade mais justa.
Agradeço imensamente aos acadêmicos, figuras literárias nas quais me
espelho nesta casa, pelo carinho de me ouvirem nesta linda manhã de outubro.”
Algumas fotos do evento cedidas pelo fotógrafo João Batista Moura
Tarde Acadêmica , dia 09/10/2018
Posse da Diretoria Amulmig para o Biênio 2018-2020, dia 16/10/18, na sede da entidade.
ATA DA
SESSÃO SOLENE DE POSSE DA NOVA DIRETORIA BIÊNIO 2018-2020 ACADEMIA
MUNICIPALISTA DE LETRAS DE MINAS GERAIS – AMULMIG/BH
Aos 16 dias de outubro de 2018, a Academia
Municipalista de Letras de Minas Gerais – AMULMIG/BH, fundada em 08 de abril de
1963, registrada em 08/09/1963 sob o número 3.784, livro A-5, fls. 20 verso e
21 no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas, reconhecida de Utilidade
Pública Estadual pela Lei Estadual nº 5.274, de 29/09/1969, e de Utilidade
Pública Municipal, Diplomada pelo Decreto nº 1.608, de 29/01/1968, pelo
Município de Belo Horizonte/MG, CNPJ 23.970.775/0001-95, realizou na Rua Agripa
de Vasconcelos, 81, Bairro Mangabeiras, Belo Horizonte/MG, CEP 30.210-030, a
Sessão Solene de Posse de sua Diretoria eleita pelo biênio 2018-2020. Eleitos
que foram em escrutínio secreto no dia 24 de julho do corrente ano de 2018, em Assembleia
Geral convocada pelo seu Presidente Cesar Pereira Vanucci de acordo com o
Estatuto. O cerimonial, que ficou a cargo da acadêmica Angela Togeiro Ferreira
que liderou a cerimônia auxiliando o bom andamento da solenidade, convidou para
tomar assento à mesa de honra da solenidade a Presidente do Conselho Superior Elisabeth
Fernandes Rennó de Castro Santos, no ato presidente da sessão solene de posse, representando
também a Academia Mineira de Letras da que é atual presidente; o Presidente
Emérito Luiz Carlos Abritta, representando também a Academia de Letras do
Ministério Público; o acadêmico desembargador Aluísio Alberto da Cruz Quintão,
representando também Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais do qual é
presidente, a professora Mariah Brochado Ferreira, ex-secretária adjunta da
Casa Civil, Marilene Guzella Martins Lemos, presidente da Arcádia de Minas
Gerais e da Sociedade Amigas da Cultura, Adircilene Lerilda, presidente da
Academia de Letras de Lagoa da Prata, Cândida Corrêa Côrtes Carvalho, fundadora
e presidente do Jornal de Luz. Por fim o acadêmico César Pereira Vanucci que
foi conduzido à mesa pelos acadêmicos Lucília Cândida Sobrinho, Altair Andrade
de Pinho e Maria de Lourdes Rabello Villares. Relacionou as autoridades
presentes representantes de órgãos culturais e artísticos, dirigentes de Lions
Clube, destacou as presenças de Avelina Maria Noronha, da Amulmig e
representando a Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafayette, Maria
Inês de Moraes Marreco, proprietária e diretora da Casa de Cultura Idea, o
Desembargador Armando Pinheiro Lago, Cláudio e Túlio Vanucci, filhos do
presidente empossando. A presidente Elisabeth Fernandes Rennó de Castro Santos
então instalou formalmente a Sessão Solene de Posse.
De pé, ouvimos o Hino Nacional, execução mecânica,
cantado pelos presentes que, a seguir, cantaram a Oração de São Francisco de
Assis, Patrono da casa. A seguir a Presidente Elisabeth Fernandes Rennó de
Castro Santos proferiu discurso saudando à nova Diretoria a ser empossada. Houve
um intervalo musical, na voz do tenor Marzo Sette Torres, cantando as músicas
Lua Branca e Edelweiss.
O cerimonial deu inicio à posse da nova Diretoria,
convidando a acadêmica Maria Armanda Capelão Ferreira para ler um breve
currículo de apresentação do presidente empossando. O cerimonial leu o Termo de
Posse lavrado em um livro próprio, convidando o novo Presidente para assiná-lo.
A seguir, postando-se de pé todos os membros da Diretoria, o acadêmico César
Pereira Vanucci leu o Termo de Compromisso Acadêmico, assinando-o. Passou-se
então à diplomação do novo presidente, com leitura e entrega do diploma, tendo
a Presidente Elisabeth Fernandes Rennó de Castro Santos, declarado o acadêmico
César Pereira Vanucci empossado como Presidente da Academia Municipalista de
Letras de Minas Gerais – AMULMIG/BH para o biênio 2018-2020, fazendo a troca da
cadeira presidencial. A partir desde momento ele passou a dirigir a solenidade,
dando posse aos membros da Diretoria, que foram chamados pelo cerimonial para
assinarem o livro de posse.
Diretoria: Presidente: CÉSAR PEREIRA VANUCCI
Ex-Presidente: CÉSAR PEREIRA
VANUCCI
Primeiro Vice-presidente: JAYR BARBOZA DA COSTA
Segunda Vice-presidente: MARIA AUXILIADORA DE CARVALHO E LAGO
Secretária-geral: MARIA LÚCIA DE GODOY PEREIRA
Primeira Secretária: MARTHA TAVARES PEZZINI
Segunda Secretária: MARILENE GUZELLA MARTINS LEMOS
Primeiro Tesoureiro: JOSÉ ALBERTO BARRETO
Segunda Tesoureira: ANGELA TOGEIRO FERREIRA
Primeira Bibliotecária: MARIA DE LOURDES RABELLO VILLARES
Segunda Bibliotecária: ZAÍRA MELILLO MARTINS
Comissão de Avaliação: ALMIRA GUARACY REBÊLO, IGNEZ MONTEPULCIANO SANTOS DE OLIVEIRA, JOÃO QUINTINO DA
SILVA.
Conselho Fiscal:
ALTAIR ANDRADE DE PINHO, MAURÍCIO BRAGA DE MENDONÇA, LUIZ ALBERTO DE
ALMEIDA MAGALHÃES.
Comissão de Relações Públicas: CÂNDIDA CÔRREA CÔRTES
CARVALHO, LESLIE CEOTTO
DESLANDES, ROGÉRIO DE VASCONCELOS FARIA TAVARES.
Comissão de Artes:
MARIA ARMANDA CAPELÃO FERREIRA, MARIA INÊS CHAVES DE ANDRADE, TÂNIA MARA COSTA.
O Presidente César Pereira Vanucci fez seu discurso de
posse, bem como uma homenagem à Presidente do Conselho Superior Elisabeth
Fernandes Rennó de Castro Santos, oferecendo-lhe flores. Houve outro intervalo
musical, também a cargo do tenor Marzo Sette Torres, que cantou as músicas Io Che non vivo e Ave Maria no Morro, em
memória da inigualável Angela Maria, recém-falecida. Fizeram uso da palavra o
presidente emérito Luiz Carlos Abritta, Maria Inês Chaves de Andrade, Cândida
Côrrea Côrtes Carvalho, Adircilene Lerilda, Aluízio Alberto da Cruz Quintão e
Angela Togeiro Ferreira. Notadamente todas as falas estiveram em torno da
importante presença como acadêmico de JK nesta casa, do Patrono São Francisco
de Assis e do presidente fundador Alfredo Marques Viana de Góes. Angela Togeiro
Ferreira falou dos livros recebidos para a biblioteca e da retomada do Projeto
Caravelas da Academia de Ciências e Letras de Conselheiro Lafayette que é de estimular
a leitura de escritores mineiros nas escolas.
Para saudar o novo Presidente, fez-se a tradicional
Chamada dos Acadêmicos presentes, que se apresentaram falando a cadeira que ocupam,
o município que representam e o nome de seu patrono.
Em seguida o Presidente César Pereira Vanucci encerrou
a sessão solene, agradeceu a presença de todos e convidou os presentes para um
lanche.
Algumas fotos do evento, cedidas pelo fotógrafo João Batista Moura
Palestra da Acadêmica Lúcilia Cândida Sobrinho, dia 23/10/2018, abordando a obra O PEQUENO PRÍNCIPE, do escritor, ilustrador e aviador francês Antoine de Saint-Exupéry, publicada inicialmente em 1043 , nos EUA.
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Parabéns Acadêmica
Cândida Côrrea Côrtes Caravalho: primeiro lugar no Concurso literário de Poesia da Academia Lagopratense de Letras da cidade de Lagoa da Prata!
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